Preço do Frango Abatido Sobe e Pressiona Margens: Produtor Deve Redobrar Atenção aos Custos e ao Mercado

23 de outubro de 2025

Preço do Frango Abatido Sobe e Pressiona Margens: Produtor Deve Redobrar Atenção aos Custos e ao Mercado

O mês de setembro registrou um aumento expressivo no preço do frango abatido em várias regiões do país. O valor no atacado — que é a venda feita em grandes quantidades para frigoríficos, mercados e distribuidores — superou as cotações do início do ano. No entanto, essa alta ainda não chegou com a mesma intensidade ao varejo, onde o consumidor final compra o produto.

Com isso, a diferença entre o preço do atacado e o do varejo diminuiu para cerca de 41%, o que indica que os varejistas estão segurando parte do aumento para não espantar o cliente. Essa decisão, porém, reduz a margem de lucro e pode afetar toda a cadeia produtiva.

💰 O que muda para o produtor rural

Para quem cria frango, o momento pede atenção. O poder de compra do consumidor está limitado, o que significa que o mercado interno tem dificuldade de aceitar preços mais altos. Assim, mesmo com aumento no custo da ração, energia, milho e transporte, o valor pago pelo frango vivo pode não acompanhar o ritmo dos gastos na granja.

Isso pressiona o produtor, principalmente o independente — aquele que não é integrado a frigoríficos —, pois precisa arcar com todos os custos e ainda competir com preços controlados no varejo.

🏭 Indústria e exportação: ajustes no horizonte

Nos frigoríficos e abatedouros, a margem também ficou mais apertada. Algumas empresas devem reduzir o volume de abate ou renegociar contratos com fornecedores. Outras buscam direcionar mais carne para exportação, já que o mercado externo tem apresentado preços mais estáveis e melhor rentabilidade.

Esse movimento pode ajudar a equilibrar o mercado interno, mas também exige que o produtor acompanhe de perto as variações regionais e o ritmo das exportações.

🛒 Varejo enfrenta limites no repasse

No comércio, o cenário é delicado. Supermercados e açougues sabem que um aumento forte nas gôndolas pode reduzir as vendas, principalmente em um momento de renda apertada. Por isso, muitos estão absorvendo parte dos custos e mantendo os preços mais estáveis, mesmo com despesas maiores para repor o estoque.

📊 Projeções de preço do frango abatido até o fim de 2025

Região	Faixa estimada de preço (R$/kg) – 4º trimestre de 2025	Comentários e implicações práticas
Brasil (média nacional)	R$ 8,50 a R$ 9,00/kg	Tendência de valorização moderada, com média anual próxima de R$ 8,88/kg.
Sudeste (ex: interior de MG, ES)	R$ 8,30 a R$ 8,80/kg	Poder de compra moderado; ajuste abaixo da média nacional.
Centro-Oeste (ex: GO, MT)	R$ 8,20 a R$ 8,70/kg	Custo logístico e distância de portos podem limitar ganhos.
Sul (ex: PR, SC, RS)	R$ 8,70 a R$ 9,20/kg	Maior acesso a exportação favorece preços mais firmes.
Cenário otimista (exportações em alta)	até R$ 9,50/kg	Custos controlados e demanda aquecida podem elevar o preço.
Cenário de risco (consumo fraco)	R$ 8,00 a R$ 8,30/kg	Se o poder de compra cair, a valorização será limitada.

🧮 Custo médio de produção do frango (2025)

Valores estimados considerando ração, energia, mão de obra e transporte.

Tipo de sistema de produção	Custo médio (R$/kg vivo)	Características e observações
Integrado (parceria com frigorífico)	R$ 5,60 a R$ 6,10/kg	Parte dos custos é coberta pela empresa integradora. O produtor recebe por desempenho e qualidade do lote. Menor risco de mercado, mas margem mais controlada.
Independente (produção própria)	R$ 6,50 a R$ 7,10/kg	Assume todos os custos. Depende do preço de venda no mercado. Maior autonomia, porém maior risco se o preço cair.
Caipira ou colonial (produção alternativa)	R$ 7,80 a R$ 8,60/kg	Produção mais demorada, com ração diferenciada e espaço livre para as aves. Custo maior, mas pode alcançar preços superiores no varejo e feiras locais.

📌 Importante:
Esses valores são médias estimadas e variam conforme a região, o custo do milho e do farelo de soja, além da eficiência do manejo.

🔍 Dicas práticas para o produtor

Acompanhe semanalmente as cotações do frango vivo e abatido na sua região.
Monitore o custo da ração — o milho e o farelo de soja representam até 70% do custo total.
Faça simulações de margem: calcule quanto sobra após descontar os custos, considerando cenários otimista, médio e conservador.
Avalie oportunidades locais: feiras, cooperativas e abatedouros regionais podem pagar melhor em determinados períodos.
Busque eficiência no manejo: pequenas melhorias na conversão alimentar e no consumo de energia podem fazer diferença no resultado final.

🧩 Em resumo

O preço do frango abatido subiu no atacado, mas o consumidor ainda paga pouco mais no varejo.
As margens ficaram menores em toda a cadeia — do produtor ao mercado.
Custos de ração e energia continuam pressionando a produção.
Produtores independentes devem planejar com cautela e avaliar parcerias.
O mercado externo pode ser uma boa alternativa para equilibrar as vendas.